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Quem eu sou

domingo, 12 de janeiro de 2014

Escolhas



Lisboa tem sido, para mim, uma chuva de experiências, aprendizado e, principalmente, uma injeção de forças !! Foi exatamente por observar agora, da janela do meu quarto, a chuva caindo, que me inspirei para relatar aqui mais uma das minhas reflexões. Chuva e madrugada sempre me inspiram, não sei qual o mistério delas rsrs..

Foi por viver dias de tristeza, alegria, confusão, pensamentos, angústias, saudades, identificação com o meio e, principalmente, de muita reflexão e observação, que passei tempos sem escrever, pois, na verdade, não me sentia segura para concluir nada sobre tudo que vivia e vivo.

Aqui tenho aprendido mais sobre mim e sobre minhas capacidades. Tenho entendido mais sobre o que quero para minha vida e traçando objetivos mais importantes. Aqui eu vivo todo dia um desafio, e viver sem sua zona de conforto é muito diferente.

Dentre situações boas e ruins que vivi até hoje, nestes 5 meses, posso dizer que todas foram e têm sido úteis para decisões que venho tendo.
Não imaginei que sair do país fosse tão desafiador e que estudar jornalismo em um país que não é o seu, não fosse tão empolgante. Acontece que é daquelas sujeiras que há nas favelas e no Senado, como dizia nosso cantor e compositor Renato Russo, que quero escrever e estudar. É desses ilimitados problemas sociais que quero viver e aprender mais. É sobre a minha mídia, os meus jornalistas e tudo o que o Brasil tem de rico, de pobre, de sujo e de limpo.. 

Estes pensamentos que me vêm hoje podem mudar muito daqui há alguns anos, quando eu entrar, de fato, no meio profissional. Mas, tendo em conta que seja impossível prever o que pensarei, serei e/ou decidirei até lá, só consigo garantir o que penso, sou e quero hoje. A certeza que tenho hoje é de que sou muito brasileira e muito sonhadora para viver a minha profissão em um país que não consigo me entregar de corpo e alma. 

Ser, respirar, se entregar a um ambiente é muito diferente de apenas sobreviver nele. Sobreviver quando tudo parece não ter sentido e não ser excitante como seria no seu espaço, ou no espaço que se escolhe para ser o seu. 

Dentre prós e contras que há em qualquer das decisões que eu tome no momento, o mais correto é escolher pelo bem estar e felicidade interior. Por aquilo que o coração bate mais forte, por aquilo que te arranca sorrisos com facilidade, por aquilo que te emociona, te desperta vontade de ser melhor a cada dia e de dar o melhor de si em tudo. 

Não sei viver por conveniência, viver por viver, viver pelo racional, viver pelo mais "correto", viver pelo mais confortável. Sei viver intensamente, com o coração e a mente em equilíbrio. Sei viver incondicionalmente, sorrindo e satisfeita, sem sofrer por não me identificar ou não me entregar.  

Por não saber viver assim foi que saí do Direito e fui para o Jornalismo. A prova real de que a razão (Direito) nem sempre vence a emoção (Jornalismo). É por não saber viver assim que venho tomando decisões e repensando certas atitudes que influenciarão no meu futuro pessoal e profissional. 

Hoje me sinto feliz por tudo que vivi aqui, por países, pessoas e histórias que conheci e ainda conhecerei, mas me sinto mais feliz ainda por saber que vou poder ser o melhor que posso ser, no lugar em que eu quero estar, sabendo que não terei o conforto, luxo, viagens, experiências e vivências que tenho aqui, mas com o coração aberto para novos conhecimentos e aprendizados que terei, principalmente com a nova visão de mundo que carrego na minha bagagem interior e principalmente com o jornalismo pulsando na minha veia, como nunca senti antes. Isto é o que me faz mais realizada, hoje. 

Me sinto satisfeita com as minhas escolhas, esperançosa em um futuro tranquilo que elas podem me oferecer, apesar de ter "o mundo" contra a minha coragem. Mas também já vivi o mundo contra mim quando decidi me mudar..e não foi isso que me fez desistir e nem será isso que me fará agora. Nunca me arrependerei de ter vindo e vivido tantas coisas, e nunca me sentirei uma "fracassada" por não ter conseguido completar os 3 anos previstos para morar aqui. Só eu sei do que vivo, sinto e quero. Pode não ser o que é melhor para mim, aos olhos de alguns, mas com certeza é o que me faz feliz, em vários sentidos, e somente isto interessa. 

A verdade é que só preciso estar satisfeita comigo mesma para ter forças. Forças que desencadearão atitudes, como as que me trouxeram para cá e as que me levarão de volta. Só quero, um dia, ser tudo o que eu planejo, não só por mim, mas por três pessoas: Minha mãe, meu pai e meu padrasto, os únicos a quem devo a vida, ou melhor, a quem devo todo o aproveitamento dela. 

"Uma mudança deixa sempre patamares para uma nova mudança".

Mariana Areias
09-01-2013