Find me

Quem eu sou

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Gabriel é um artista


Por alto, eu já sabia disso, mas, os dias em São Paulo com ele foram a comprovação da minha tese. O curioso é que Gabriel não conhecia a cidade que, de cara, lhe foi extremamente familiar. A cada muro, prédio, parede grafitada das ruas paulistanas - clássicos da cidade - Gabriel não só apontava quem era o artista responsável, mas contava a história da obra.

As exposições então foram um prato cheio para estimular ainda mais tanta sensibilidade.

Gabriel passeou por Tarsila do Amaral, Van Gogh, Dalí e tantos outros, com atenção, e criticou alguns outros nomes que se expressavam de formas mais abstratas. Claro que, para mim, apreciadora, porém, pouco conhecedora de artes visuais, os nomes me remetiam apenas às salas de aula do ensino médio. Gabriel não. Gabriel realmente conhecia. Observava com atenção as linhas e expressões de cada quadro, de cada escultura.


Gabriel é um artista e um apreciador de arte, mas pasmem, ele não é um chatão. Também passava rápido pelos temas que pouco lhe interessavam, não parava horas lendo a história de cada peça, criticava as que não faziam nenhum sentido, questionava como algumas obras eram consideradas obras, ria dos memes bobos que eu fazia com as expressões engraçadas das esculturas e apontava o extintor de incêndio do museu como a obra de arte mais bonita do local.

Passeamos por exposições infantis como Batman e Turma da Mônica - minha preferida, por sinal- e curtimos a exposição interativa feminista.



E como bom arquiteto que é, Gabriel também apreciou as fachadas diferentonas dos prédios da Paulista, olhava para o teto e para o chão de qualquer lugar que entrava, criticou escadas de madeira da pinacoteca - que já não me lembro por que não eram boas - e falou sobre tantas outras expressões arquitetônicas que aí é que eu não entendo nada mesmo.



Gabriel é um artista! E não só isso. Gabriel é uma obra de arte rara. É um puta de um um gato! Além de apreciador de música, de arte, de plantas, de cores e das belezas simples da vida. Todo bem feito e todo perfeito, no que tem que ser. Mas com alguns defeitos sim, como tem que ter.



Foi a melhor obra de arte que vi em São Paulo, que vejo quase todos os dias e que pretendo dividir os sabores mais doces e mais amargos desta caminhada.

Gabriel é um artista. É minha obra de arte preferida.

  

terça-feira, 11 de junho de 2019

1 ano sem esse cara muito singular







Meu pai era um cara muito singular. Mas é sério, ele era um cara muito singular. Tinha um jeito debochado, uma risada contagiante e além de ser um cara que exalava carisma, era um gato! Arrebatava corações! Falava cantando, com um chiado carioca charmoso. Ria de tudo, assim como eu. Jogava os cabelos lisos e grisalhos enquanto dirigia e mascava chiclete piscando os olhos. Tinha umas manias só dele. Mordia os lábios e a boca com frequência - o tal bruxismo que eu herdei com força. Sério, ele era um cara muito singular. Ele era tão cheiroso! Tinha cheirinho de pai. E os olhos? Castanhos quase verdes e grandões! Ele era tão singular..

Cara, meu pai amava estrada. Deitava o cabelo pelas pistas desse Brasil. Gostava da liberdade, do vento na cara, do mar...Sério, ele era um cara muito singular! 

A gente amava coisas simples! Passeios simples, conversas simples, roupas simples...comidas simples! Tudo que fosse simples, com ele, era muito empolgante! Meu pai comia tudo que via pela frente e comia muito! Biscoito recheado barato ensopado num copo de leite era uma delas. A gente também amava mortadela no pão, com muita manteiga. “HUMMM BOM NÉ”?, ele falava rindo com o olhão arregalado e as bochechas estufadas imitando os gordinhos. Era viciado em doces – pudim (“PUNDINHO”, como ele chamava) e “balinhas de ponto de ônibus”, aquelas 7 belos de 5 centavos que vendiam nas paradas da W3.

Falando em vício, meu pai lutou contra vários. Foi um dependente químico - pude até escutar ele falando isso nas reuniões de A.A/N.A. Eu adorava acompanhar, achava ele um heróizão por ter vencido bravamente a bebida e as drogas. Sério, meu pai era um cara muito singular! 

Que sorte ter sido o seu grande amor! Há um ano atrás, você se despedia de mim, dizendo que eu fui a coisa mais importante e linda que você fez na vida. Você já sabia, mas eu fugia do fato de que aquela era sim uma despedida. 

A saudade por aqui é persistente: não tem um dia que eu não fale ou lembre de você. Para o meu namorado, eu falo você tinha que ter conhecido meu pai, ele era um cara singular”, “Se meu pai te conhecesse, te daria um apelido”, e fico imaginando qual apelido ele daria...

Sério, amigos, meu pai era um cara muito singular. Conto pro meu namorado algumas intimidades engraçadas do meu pai e ele fala rindo “é, seu pai era muito doido mesmo”. Que saudade do pouco tempo que tivemos juntos. 

Não acho que 26 anos foi muito tempo, mas foi o suficiente pra eu ser tão grata por todo amor que me deu e por toda aventura e diversão que era ser sua filha. Sério pai, você foi um cara muito singular. Queria tanto poder compartilhar com você tantas coisas que vivi neste último ano. Sei que você me vê daí, sei que me acompanha e isso até que me conforta sim.

Sério, meu pai era um cara muito singular.

Pai, sério, você era um cara muito singular.

Receba meu abraço muito apertado e receba o maior amor que eu puder transmitir. Te amo pro resto da vida e muito, muito além desta vida.

Meu eterno amor <3

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

27 anos - bem longe da adolescência


Fazer 27 anos é curioso. Cada vez mais longe da adolescência e todos os dias convivendo com as pressões da vida adulta. Menos euforias ocas e mais seletividade.

Meu plano, lá no mundo encantado da pré-adolescência, era parar de insistir em diálogos com a palavra "vei" e diminuir o ritmo das gírias quando eu completasse 18 anos - idade em que eu achava que seria uma adulta completa. Que grande engano! Este e outros planos mais relevantes mudaram muito ao longo dos anos.

Temos mania de determimar idades ideais para se atingir objetivos. Definir isso é um abismo alto com o risco de cair em frustrações consecutivas. Até porque nem tudo que sonhamos depende exclusivamente do nosso esforço. Aos 27 anos, me sinto livre da ideia de que é preciso ter X,Y ou Z em determinadas idades.

A maturidade é um processo diário que agrupa as experiências vividas, os aprendizados obtidos, as dores sentidas e os sorrisos entregues. Confesso que 27 anos de caminhada ainda é pouco para se obter a maturidade ideal - se é que isso existe!

Que venha o que tiver que vir. Que vá o que tiver que ir. A vida é um sopro e a comprovação disso está nos noticiários todos os dias.

O principal objetivo hoje é conseguir dividir o peso dos dias árduos - cada vez mais frequentes - com momentos felizes de sorrisos e amor.

Acho que estou pronta para o novo ano - só falta fazer uma make bacana!