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sábado, 31 de março de 2018

Antes amor do que paixão





Uma série de experiências e acontecimentos me fizeram estar aqui, às 5 horas da manhã do dia 31 de março escrevendo este texto. Um deles foi o fato de eu ter “me levado” para jantar na noite anterior e desfrutado de um farto rodízio de risottos com entradas e sobremesa. Orgia gastronômica às 23h resultou em insônia na madrugada. Mas tudo bem, a insônia veio seguida de reflexões que eu já vinha fazendo há algumas semanas. Neste momento, me senti pronta e munida de informações para organizar minhas reflexões em um texto. Pra você leitor? Não. Mais uma vez, isso aqui é completamente para mim.

A parte de “me levar para jantar” vai ficar para um texto à parte. Agora vou seguir esta humilde proposta de separar amor de paixão.

Toda minha reflexão começou quando eu ouvi de um grande amigo o seguinte pensamento: “eu prefiro amar do que estar apaixonado. A gente faz cada merda quando tá apaixonado..” Aquilo bateu forte. Me identifiquei, mas não me manifestei. Naquele momento eu estava surfando demais nas ondas da paixão e não tinha a menor sensatez e disposição para refletir sobre o raciocínio dele. Mas, aquilo virou uma nota mental sem eu perceber. Uma pulga atrás da orelha.

Naquele contexto, eu achava que estava amando. Mas, na verdade, eu estava apaixonada. E sabe o que é isso? É tipo estar em uma montanha russa cheia de looping, onde você segura forte o colete na hora do medo ao mesmo tempo em que se entrega e levanta as mãos para o alto pedindo mais e mais emoção. É uma adrenalina muito louca e uma vontade cega e destemida de sentir tudo isso.

Bom, até então, eu não tinha a percepção de que amor e paixão podem não caminhar juntos. Assim, segui muito certa de que a minha experiência na insana montanha russa da paixão fazia total sentido. O arrepio, os choros, o coração acelerado, o frio na barriga..pensava: “Uau! Que mágico é o “amor”! Preciso seguir sentindo isso pelo resto da vida”. Ingênua, né? Como se para amar fosse preciso estar sempre ligado no 220v. A paixão é uma cachaça. Você se embebeda daquilo, mas quando acaba a dose, fica perdido em meio àquela sensação tola de felicidade verdadeira. Dura pouca. Apesar de ser intensa, é breve. O sentimento ideal para quem gosta de uma vida de aventuras.

A questão é: e quando acaba todo o frenesi? E quando passa a bebedeira, quando desce da montanha russa ou quando desliga a tomada? Será que por trás do frio na barriga e dos arrepios, existe amor para sustentar? Se não sustenta, volte uma casa: você provavelmente sentia paixão e não amor. No mundo rápido, prático e tecnológico de hoje, é mais difícil construir histórias de amor. Para quê se propor a viver um amor sensato, racional e duradouro se a paixão é mais rápida, intensa e exige menos esforços? Não é preciso se melhorar, se reconhecer, admitir erros e lidar com a grandeza do orgulho e a pequenez da humildade.

Aos 17 anos, depois de sofrer pela primeira paixão da minha vida, eu tive a oportunidade de iniciar uma outra relação de forma racional e não pela paixão - hoje eu vejo que era isso. Realmente, me fez muito bem durante um bom tempo. Mas, na adolescência a gente não tá nem aí pra isso. Dane-se quem te faz bem e quem te faz sentir paz. O que interessa é a adrenalina da montanha russa. Foi uma excelente experiência e válida para me trazer as reflexões de hoje.

Vi algo na internet que também me inspirou a reflexão. Vou compartilhar com você logo abaixo:






Os gregos nos perseguem desde a época da escola. Eu nunca usei o que aprendi sobre briófitas e pteridófitas, mas até hoje esses caras (filósofos e pensadores) me perseguem. Eles explicam que existem vários tipos de amor. E que sim, é possível amar alguém de forma racional e não necessariamente se sentindo numa montanha russa que suga seu bom senso e te bloqueia de compreender o mundo real.

Eu acredito no amor genuíno dentro da relação homem-mulher (ou relações homossexuais), apesar de concluir que nunca senti. Senti paixão e senti vontade de transformar a cachaça e a montanha russa em calmaria, ou seja, no amor sensato e racional. Mas ainda não tive oportunidade de amadurecer e viver isso com alguém. Hoje sinto a vontade de viver a calmaria. O amor genuíno, leve, que traz paz e conforto. A paixão nunca me trouxe isso e tenho visto que o caminho não é bem este.

O amor racional, sensato, pode ser construído, lapidado com consciência. A paixão é uma criança inconsequente. Se para me sentir bem com alguém eu precisar viver somente as imaturidades da paixão, prefiro dispensar. Para amar verdadeiramente, ou pelo menos se propor a isso, é preciso maturidade. Este é o meu ponto de vista a partir das minhas experiências até aqui. Pode ser que, para muitos, não faça o menor sentido e isso é completamente compreensível, afinal, cada um tem uma história de vida. Mas, como já foi dito, este é um texto para me ensinar. Pode ser que aos 60 anos, eu ache toda esta reflexão uma grande baboseira. Estas são as minhas reflexões de hoje, com a minha maturidade de hoje. E estou aberta a refletir e aprender com as próximas histórias que virão. E que, com essas histórias, venha a verdadeira proposta da vida a dois: paz, calmaria, respeito, companheirismo e amor.
Somente amor.