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quarta-feira, 24 de maio de 2017

Sempre quis cobrir uma manifestação


24.5.17 - Olhos e garganta irritados de spray de pimenta, cabelo duro de poeira e spray, cheiro de quem correu a tarde inteira no sol, maquiagem borrada e MUITA satisfação. Isso tudo às 19h30 deste histórico dia 24.

Vocês acharam mesmo que eu não faria um textão para a minha primeira cobertura de manifestação? Para quem não sabe, eu sempre sonhei cobrir um momento desse e foi a primeira vez que senti medo e felicidade ao mesmo tempo. 

Esta foi a manifestação mais triste da história, eu assisti de perto Ministérios serem depredados de uma forma tão violenta. Me deu vontade de chorar. Vi policiais e manifestantes sendo desrespeitado e agredidos. Vi fogo, porrada, tiro, bomba e todo cenário que uma guerra pode oferecer. Eu tava sozinha no meio daquilo tudo e ainda estava tentando entender o que eu deveria passar de notícia para a redação sem ser atingida por pedras, pedaços de pau, bombas e spray de pimenta. Em alguns momentos estive com meus colegas fotógrafos, mais experientes, que me orientavam sobre o que fazer e como fazer. Gratidão 🙏🏼



Várias vezes me senti uma barata tonta, mas o melhor feedback foi chegar no jornal e ouvir que a matéria que saiu deste acontecimento foi satisfatória e atendeu ás expectativas da edição. O Metrópoles foi o primeiro a dar a matéria tão completa. Quando o bicho tava pegando, fomos os primeiros a mostrar isso para a população, com fotos SENSACIONAIS e com toda a sede, garra e ousadia dos repórteres e fotógrafos envolvidos nesta reportagem.

Eu quero ser jornalista para sempre e não preciso de mais nada. Sou muito grata por trabalhar com o que eu sempre quis e por me permitirem realizar o sonho de ser quem eu sempre quis ser. 

Talvez eu romantize demais os meus momentos, mas a culpa é dessa profissão que causa isso em mim. 💕


Veja algumas fotos tiradas por mim: 






segunda-feira, 1 de maio de 2017

Transexuais lutam para serem reconhecidas como mulheres


Essa foi mais uma daquelas matérias que me enriqueceram.

Quando eu tinha 7 anos, estava num daqueles clubes de hotel, em Caldas Novas, com a minha mãe. Sumi de perto dela.

Depois de algum tempo de desespero, dona Celia me encontrou num contexto que uma criança de 7 anos não costuma estar. Eu tinha largado as bonecas de lado e as amiguinhas da minha idade que brincavam de pequena sereia na piscina, para ficar com cerca de cinco idosas numa banheira de hidromassagem.

Minha mãe conta que eu conversava com elas com tanta certeza e naturalidade que, hoje, já adulta, eu não consigo imaginar que tipo de assunto devia sair daquela roda. Rindo da situação, ela perguntou o que eu estava fazendo ali. Respondi cheia de convicção: estava fazendo amizade, oras.

"Fazer amizade" era a minha denominação infantil para explicar que, o que tinha graça para mim, era compreender a imensidão do outro. Era sair do meu mundinho. Por isso, não havia dúvidas de que a profissão que eu escolheria era esta.

Não é só sobre contar histórias. É sobre sentir, compreender, aprender, e poder compartilhar isso com o mundo.
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Link para acessar o conteúdo: http://www.metropoles.com/vida-e-estilo/comportamento/transexuais-lutam-para-serem-reconhecidas-como-mulheres