Find me

Quem eu sou

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Parte da minha infância: O extremo da minha imaginação



Anjos ou fruto da minha imaginação?
Esta foi minha dúvida na madrugada de ontem, ao me deparar com uma lembrança um tanto quanto inesperada de uma fase da minha infância...
 Lembrei-me, em especial, de uma figura inesquecível: meu amigo imaginário.
 Eu sei que pode parecer bizarro ou que seja motivo de chacota para alguns, mas para quem vive tudo intensamente, as emoções mais singelas são sensivelmente relembradas e ressucitadas
Aquela recordação me trouxe milhões de reflexões, por incrível que pareça no meio da madrugada, em meio ao meu inconsciente ao mesmo tempo consciente.
Lembrei-me de um amiguinho, que existia só no meu mundo, chamado ‘’Fantasminha’’, nome autoritariamente escolhido por mim, aos meus cinco anos de idade.
Eu, com minha imaginação extremamente fértil desde menina, atuava no cenário da minha vida com extrema vontade de descobrir o imaginário e de me perder naquela viagem interna que somente eu mesma entendia e hoje creio que só eu mesma continuo entendendo ..
Recordo-me do que contarei como se fosse uma cena vivida há meia hora: O fantasminha sempre vinha me visitar em momentos similares, na maioria das vezes era quando estávamos reunidos em família e eu corria até a janela para aguardar sua chegada.
Confesso que eu não tinha nenhuma imagem dele na minha mente mas eu vivia aquilo com muita realidade, aquele para mim era o real, quem iria contrariar as fantasias de uma criança de cinco anos ?
Eu tinha um sentimento altamente considerável por ele e eu me esbanjava na minha ingênua loucura infantil. Talvez por ser a única filha, o fantasminha foi uma companhia durante bons anos da minha infância.
A janela do meu apartamento tinha uma grade e nos finais de tarde nada de imprevisível acontecia: eu estendia minhas pernas sob a janela e esperava com o queixo apoiado nas mãos a chegada dele.
Brincávamos e ríamos muito e ainda assistíamos televisão juntos. Eu era justa, assistia o que era do meu interesse só até a chegada dele, depois disso eu respeitava os canais que ele quisesse assistir.
A cena que guardo com mais carinho foi a do aniversário do meu amiguinho fantasioso.
Minha mãe e meu pai sempre deram asas a minha imaginação e se divertiam em participar daquelas fantasias comigo.
 Certo dia fomos ao clube, num final de tarde, para comemorarmos os 7 anos do fantasminha. Aquela festividade teve direito a bolo, salgadinhos e refrigerantes, além do primeiro pedaço que eu me auto concedi, pois a festa nada mais era para comemorar o extremo da minha imaginação e é incrível como aquilo tudo era absolutamente coerente para minha “cabecinha” de 5 anos de idade.
Depois de muita diversão naquele dia e de muito entretenimento durante aproximadamente dois anos de companhia do meu próprio eu, comecei a me interessar por coisas diferentes e a amadurecer. Nada mais natural!
Ainda me lembro do Adeus melancólico, recheado de desculpas, que dei ao meu amiguinho. Eu dizia a ele, ou a mim mesma, que eu não tinha mais tanta vontade de brincar de acreditar nisso e dentro de mim mesma eu enxergava uma angústia duvidosa por não compreender o inesperado desinteresse naquelas brincadeiras, naquele mundo de mentirinhas verdadeiras que faziam parte do meu eu, da minha personalidade e da minha vida.  
Eu me via com outras brincadeiras mais reais, mais palpáveis e dinâmicas, mas nada que ultrapassasse tanto a frugalidade que eu vivia com o fantasminha. Nada tão “mais maduro” ou mais adulto, eu ainda era uma criança de aproximadamente sete anos que vivia a cada dia uma descoberta.
O esperado enfim começou a acontecer..eu acabei me perdendo do fantasminha depois de ter evidenciado outras áreas da minha imaginação.
Durante estes quase dez anos sem o fantasminha, confesso que somente nesta madrugada que lembrei disto com tanto carinho.
Ele talvez tenha me acompanhado até os dias de hoje, mas infelizmente com dezoito anos eu não tenho mais a imaginação e a rotina de viver o que hoje pra mim não é mais real. Eu vivia aquilo aos cinco anos porque aquilo era sentido e encarado de maneira concreta por mim e ninguém contestava isso.
 Hoje, por mais que eu queira, as experiências deturparam minha ingenuidade de menina, a vida me ensinou muito e eu perdi grande parte da simplicidade de um pensamento de criança de sete anos.
Lamentável e natural...
Nem se eu quisesse eu viveria com tanta emoção e segurança a existência de um papai Noel, de um coelho da páscoa ou do próprio fantasminha !
Admiro o saber das crianças, elas não têm limites e criam tudo que convém para que sejam alegres e que se divirtam com o que tem de mais simples na vida .
Eu ainda queria conseguir criar e acreditar fielmente em coisas que me fizessem 100% alegres só por pensar, só pela imaginação!
Quem foi que me acordou da minha esplêndida infância ? Quem me tomou o fantasminha e todas as figuras que um dia foram reais ?
Dói saber que fui eu mesma que os exclui da minha rotina, mas eles estão muito bem guardados na minha memória e no meu coração.
Jamais me esquecerei de ter sorrido por nada, de ter brincado com o nada e de não desejar nada mais naquele momento do que ver TV comigo mesma na ilusão de ter uma companhia tangível.
Eu sei que o fantasminha existiu e existe. Ele existe na criança que haverá pra sempre dentro de mim que, esta sim, eu tenho responsabilidade de cuidar e de alimentar suas fantasias eternamente.
O fantasminha morreu na minha rotina mas ele ainda habita o meu peito como uma mistura de anjo e de imaginação, uma mistura de real e ilusório, que só quem vive é capaz de decifrar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Momentos e registros



A fotografia para mim é uma das invenções mais simples e estimáveis que existem.
Graças a isto, todos os sorrisos e tristezas ficam registrados e depois são sempre rememorados, basta olhar!
Eu queria uma teconologia que voltasse no tempo, trazendo sempre aquele momento que me fez sorrir, que me fez chorar.
Bastaria falar: ‘’quero novamente aquele amor, aquela amizade, aquele dia..’’ e assim tudo seria vivido com a mesma intensidade de quando era real.
Mas para isso há tambem a fotografia que é repleta de laços invisíveis.
O laço de amizade, laço de amor, laço de dor.. isso é viver.
Viver é curtir até uma lágrima que cai, ainda que tenha sido um motivo muito ruim para que ela tenha escorrido dos olhos.
Viver é rir intensamente, é amar incondicionalmente, é tudo o que te faz suspirar..
Nós podemos viver de tantas formas..
Escolhamos viver amando a vida
Viver com vontade de viver..
..e de reviver..
..e de registrar !!
Escolhamos catalogar nossos sorrisos, os dias de sol, os dias de chuva...
Escolhamos memorizar datas importantes e recordá-las a todo instante.
Os laços visíveis do nosso dia-a-dia deveriam ser reportados sempre como fotografias.
Sentada aqui tenho o acesso a uma foto..
Ela me lembra tantas risadas e retrata o quanto é bom amar e ser amada...
Quero registrar tudo, a todo momento, para sentir para sempre esta sensação de ‘ fazer renascer aquele dia feliz ’
Retratos me retratam também momentos infelizes, afinal, que graça teria a felicidade eterna?
Adoro cair, me machucar, chorar ...mas depois me levantar e reinventar toda aquela dor, transformando-a em risadas, em coisas passadas que me fez bem ter vivido..me fez bem pelo fato de ter aprendido com novas experiências, adoro emoções diferentes.
...aquelas gotas que saem dos olhos me fazem sentir que eu amo, amei e que vou amar.
Lágrima é demonstração de risos e de choros. Prantear é ser alegre, é ser triste..é ouvir o som do coração !!
Os registros mostram seu semblante mas o coração fica responsável por fazer sentir aquela lágrima escorrer de novo ou aquele sorriso escancarar no rosto outra vez.
Fotografias e emoções caminham juntas.
Emoções foram feitas para serem vividas, realmente vividas, sem que se deixe passar e fotografias para registrarem o que o coração emanar.
Viverei sempre rindo, chorando, fotografando e ressucitando momentos mortos..mortos só no tempo, mas nunca no coração.
''O que vai ficar na fotografia
São os laços invisíveis que havia

As cores, figuras, motivos
O sol passando sobre os amigos
Histórias, bebidas, sorrisos
E afeto em frente ao mar.'' (Leoni)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Rainha da Natureza

..E assim ela chegou, juntamente com seu amigo vento.
Estremecendo janela e esverdeando tudo que era escuro.
Ela vem.. exalando um cheiro de terra, tirando crianças das ruelas e marcando sua presença eterna.
Vem inesperadamente e sempre com uma nova forma, um novo ar, um novo jeito de sensibilizar.
Lá vem a senhora chuva, a dona do pedaço, sem medo do fracasso e derrubando tudo se for o caso.
Sensibilizada com súplicas e suspiros, vem trazendo consigo uma reflexão, uma emoção, uma paixão, uma solidão...
Ela se diverte com as crianças, refresca os enamorados, fortalece os apaixonados e ama também, sem limitação.
Adora ser bem vinda, adora ser admirada, por aquela mesma menina apaixonada que todos os dias espera seu show começar !
Vem chuva, vem arrasando, vem linda e elegante, com essa peculiaridade sempre radiante !!
Um pouco estabanada, derruba postes, derruba casas, arranca tristezas e arranca lágrimas..mas nunca intencionada a magoar..
Ela traz uma companhia de espetáculos consigo, longe de uma carreira solo ela sabe do poder que seus atores tem !
Seu show é repleto de novas apresentações.
Ela traz o trovão para juntos fazerem o som.
Para a iluminação ninguém melhor do que os raios, ligeiros e espertos eles fazem sempre o visual do momento.
O Sol e a Lua são meros figurantes.
O céu é o dono do visual. Juntamente com as nuvens, recheia o espetáculo de paisagem natural.
Aaah dona chuva, se a senhora soubesse o quanto amo suas exibições..aplaudo de pé a performance dos seus atores..
Mas nada do que fazem se compara ao que você é capaz..
Ela é sempre completa, é dona do que vejo, do que ouço e do que sinto. Ela utiliza várias maneiras para avisar que está chegando ou que já chegou.
Me traz pensamentos, me faz viver emoções antigas, emoções novas e reelembrar de tudo que já vivi outrora, também acompanhada pelo seu show.
Agora estou ouvindo ela cair, sentindo o cheiro de terra molhada e vendo tudo de belo que ela faz e todo seu poder de transformação.
Apesar de perder meus compromissos por conta dela, não consigo sentir aversão.. abri a janela e fiquei regozijada e mais uma vez encantada por uma obra tão bela e tão rica !
Obrigada por me refrescar, por me inspirar e por me fazer companhia.
Seja bem vinda e Volte Sempre..Majestade.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O canto das cigarras

  O canto das cigarras me fascina, me inveja, me domina.
  Como é bela a harmonia que elas elaboram sem ter medo nenhum de errar !
  Algumas cantam sozinhas, nem que seja baixinho, mas sempre sabendo que alguém vai escutar e vai se afinizar.
  Me admira também o quanto elas unidas, cantam juntas num só som, cada uma com sua particularidade.
  São formações enormes de belas cantoras, com diversos timbres e afinações.
  Umas mais experientes, outras ainda leigas, mas são únicas e essa unicidade as tornam ímpares.
  Com muita harmonia e muita compreensão elas mostram o som que por tanto tempo ensaiaram.
  Fazer sons e compor melodias não é atividade fácil, mas elas vivem deste doce trabalho e se dedicam de corpo e alma ao que amam.
  Cantam, encantam, desafinam, gritam..isso sem ter medo nenhum de julgamentos ou críticas e muito menos se alguém vai ou não gostar.
  Elas cantam por prazer, por amor, cantam para encantar!
  Ouvi dizer que além de encantadoras são sedutoras...o canto também serve como um imã de amor, os machos seduzem suas fêmeas mostrando o que fazem de melhor. Super reflexivo...
  Mesmo que alguns desafinem sempre terá uma fêmea para ouvi-lo, admirá-lo e elogiá-lo. Vai ser sua parceira de música e sua companheira de amor .
  Sem competições os dois vão se ajudar, cantarão juntos, ensinarão juntos e aprenderão juntos, por todo tempo que precisar.
  Do meu quarto eu ouço 24 horas o som das doces criaturas que insistentemente querem que paremos para escutar e que reconheçamos o quanto elas sabem atuar!
  Eu parei, escutei, refleti... atentamente ouvi as notas que elas demonstraram trabalhar. Qualquer demonstração de música me fascina e na natureza há muitos exemplos de sons, de cantos doces e até mesmo a construção de melodias complexas, como a de um passarinho que também canta por aqui por perto.

  Já tentei encontrá-lo, pra talvez elogiá-lo e dizer que eu queria ser como ele... ele faz sempre o mesmo som mas tenho a impressão de que ele trabalhou muito para que o som saísse tão afinadinho e perfeitinho rs. Ele, diferentemente das cigarras, não canta a todo instante, ele sabe que eu sou apaixonada pelo seu canto e vem de vez em quando me emocionar com seu gesto de amor  juntamente com aquele som que me traz uma sensação de inocência natural, de natureza mesmo e da complexidade dela.
  Ele é como qualquer outro de sua espécie.. é trabalhador, pai de família, mas nunca deixa de cantar e encantar, nunca deixa de fazer o que ama independente das complicações, independente da competição com as cigarras e com outros belos cantores do mundo animal.

  No frio e vazio da madrugada, as engraçadas cigarrinhas ainda insistem em nos mostrar como cantam bem e como amam isso, é admirável.
  Só existe um som que cala este canto..o som da chuva ! Elas parecem cantar, cantar, implorando para que a chuva venha refrescar e quando enfim a dignissíma toma conta da cena, aquelas se calam, ouvindo o novo som da natureza.
  Este é diferente, agradável e muito sugestivo!
  Elas emudecem e ouvem atentamente o "hit do momento", talvez para aprender novas notas, ou para construir melodias que o sugestivo som as fez pensar.
  Talvez estejam simplesmente curtindo o barulhinho do pingo caindo em suas asas, limpando e inspirando toda a música que ali também há !
   É só a dona chuva se calar que começa a cantoria novamente e parece que mais intenso e mais feliz.
  Agora refrescadas e inspiradas, elas praticam o que caladas e atentas aprenderam...novos sons, novas rimas..Sem cessar o ciclo eterno do amor pelo cantar !!
 O som da cigarra é sensível a poucas pessoas.
Enquanto é irritante para uns, é doce para outros e para mim é assim, é singular e de uma particularidade invejável.
  Com as cigarras aprendi a nunca desistir de cantar pois sempre alguém vai se interessar, sempre alguém vai me escutar.
  Com as cigarras aprendi a não ter medo de críticas e não ter medo de errar.
  Com a cigarras aprendi a ser persistente, a usar esperteza, doçura e amor para mostrar o que eu amo fazer.
  Com as cigarras aprendi a querer aprender mais e mais com novos sons e nunca me limitar a um só ritmo.
  Com as cigarras eu refleti sobre o ser humano e me perguntei: Será que somos mesmo tão mais inteligentes que estas pequenas criaturas?
  Será que vale a pena nos considerarmos os mais espertos ?
  Será que somos tão superiores assim?
  Podemos ser seres pensantes, podemos saber usar muito bem o racional e validar isso no nosso limitado dia-a-dia. Mas será que não precisamos aprender com as cigarras a sermos mais doces, humildes, persistentes, educados, simples, unidos e românticos?
  De fato a natureza tem muito a ensinar mas poucos tem a sensibilidade de aprender com estas lições singelas e sutis..
  Estas lições servem para quem tem coração leve com sede de aprender, de crescer e de sentir novas emoções.
  Esta lição ficou no meu coração..

...e confesso, queridas cigarras, sentirei falta quando vocês partirem mas espero ansiosamente pelo próximo concerto em Setembro de todo ano, afinal é o primeiro doce canto preparado com carinho, o grande responsável por trazer-nos  a chuva e a primavera e não há nada melhor do que curtir ambos com esta trilha sonora cuidadosamente elaborada por vocês. . Venham e tragam a chuva, tragam a música e tragam suas lições que eu quero mergulhar nisso tudo com vocês novamente..me deixa cantar com vocês? Me deixa cantar como vocês? Me deixa ser como vocês...?