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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

As maiores oportunidades não estão mais nos grandes centros

O otimismo de Ricardo Amorim, um dos maiores economistas do Brasil, confortou empresários e autoridades em Rio Branco-AC, na última terça-feira (10/11). O especialista esteve na capital acreana para apontar o cenário econômico nacional e local. De acordo com Amorim, vive-se uma virada econômica no que diz respeito aos locais onde estão as grandes oportunidades. “O agronegócio vem aquecendo a economia brasileira. Cerca de 40% da área disponível para ser plantada no mundo, está no Brasil”, pontuou. Na opinião do economista, esta é uma das justificativas para que o interior do Brasil seja considerado local com potencial crescimento há pelo menos 15 anos. Ele detalhou que, nos últimos três meses, as 20 cidades que mais geraram emprego no país são cidades do interior.
Atualmente, nas palavras do especialista, “viver no Acre e investir em negócios na região é estar na hora certa e no lugar certo”, pois o local faz parte dos Estados que, até então, não eram considerados centros de grandes oportunidades. Além de apontar, historicamente, quais foram os avanços e retrocessos econômicos brasileiros, de acordo com os grandes acontecimentos políticos desde a era Vargas, ele deixou claro que o governo de Dilma Rousseff foi responsável por causar incertezas políticas e quedas bruscas no PIB brasileiro.
Em um efeito bola de neve, os acontecimentos da era Dilma como o início da Operação Lava-Jato, pedaladas fiscais, crise da Petrobrás e Impeachment, desaqueceram a economia, e, consequentemente, geraram desemprego e falta de confiança nos investidores. “Estamos no início de um círculo virtuoso. Nos últimos três meses tivemos melhora na taxa de emprego e consumo no Brasil. Hoje, a inflação é a mais baixa desde 1999”, detalhou.
Com a queda na inflação e na taxa de juros, crescem os investimentos e o consumo, o que estimula a recuperação econômica nacional. Em setembro deste ano, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central cortou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual - de 9,25% para 8,25% ao ano. A taxa vem caindo desde outubro de 2016. Controlada pela taxa de juros, a inflação, em setembro, subiu 0,11% e, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a variação acumulada em 12 meses registra alta de 2,56%, o menor crescimento em quase 20 anos. “Eu não sei quanto o Brasil vai crescer, mas vai ser muito mais do que se imagina”, afirmou Amorim.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

Receptividade no Acre

Rio Branco tem duas coisas as quais não se vive sem: calor e afeto. Podia ser um pouquinho menos quente, mas é compreensível: as altas temperaturas acompanhadas de umidade 100% também fazem parte do cartão postal da cidade. Que graça teria se não pudéssemos dizer a um desconhecido na rua: "tá calor, né? E dizem que hoje foi o dia mais quente".

Em nenhum dos cantinhos do mundo que já passei, senti tanto carinho. Aqui não se mede sorriso e boa vontade. Empatia está no sangue. Ontem conheci a TV e me impressionei com detalhes. Enquanto eu esperava na recepção, todas as pessoas que entravam para bater ponto e começar o dia de trabalho davam "bom dia" para a recepcionista e para quem aguardava por ali. Comparei com Brasília, claro. Não temos esse costume. Cheguei a trabalhar em lugares em que ninguém se cumprimentava e, por eu ser estagiária, era ainda mais excluída da mínima cordialidade que existia no ambiente.

"Maninha" é a forma carinhosa como as mulheres se chamam por aqui. Não precisa ter intimidade para ser considerada maninha de alguém. Eu fui considerada maninha pela enfermeira que fez meu exame de tipagem sanguínea exigido pela empresa. "Anota meu número. Se tu precisares de algo, me liga", disse sem cerimônias. O atendimento no posto de saúde é naturalmente demorado, mas a maninha enfermeira facilitava a vida de todos que entravam na sala de coleta.

O único shopping da cidade é referência no almoço familiar do final de semana. Na lotada praça de alimentação, os nativos não dão dez passos sem encontrar alguém conhecido. Claro que não existe o hábito de olhar e fingir que não viu - comum em Brasília. É sempre um abraço caloroso, uma pergunta sobre como está o restante da família e uma brincadeirinha com o bebê da mesa.

A casa que estou morando, temporariamente, é de uma moça que eu não conhecia. É vizinha de uma família que conheço daqui. Além de abrir a casa para mim e me chamar de "maninha", no meu primeiro dia me ajudou com as malas, fez sopa de legumes e me convidou para ver filme na cama, junto com ela. Sim, eu estava na casa de uma desconhecida, no primeiro dia, deitada na cama dela, vendo TV e conversando sobre relacionamentos, passeios, filmes e comidas. Não sabia nem por onde começar a agradecer por tanta receptividade. Naturalmente, me senti em casa. No segundo dia, sentei no chão do jeito que sempre faço em casa, tomei banho no banheiro que não tem porta, andei descalça em casa e organizei a cozinha como se fosse a minha.

Não sei por quanto tempo ficarei por aqui, mas, certamente, conviver com pessoas assim faz a saudade de casa ser menos dolorida. Fui muito bem recebida pelos conhecidos e pelos desconhecidos do cantinho do Norte. Pelo visto, tenho muito o que aprender por aqui.

domingo, 1 de outubro de 2017

Repórter no Acre


Dei um beijinho na barriga gorda do meu pug e um abraço choroso no dono do meu coração. Talvez eu tenha levado muito a sério quando me ensinaram a correr atrás dos meus sonhos. Minha mãe não derramou lágrimas na minha frente. Sábia, preferiu ser forte para me encher de coragem. Assim, apertei o play com entusiasmo. Claro que quem arrumou minhas malas foi meu padrasto que já fez cursos em Harvard e se especializou em enquadrar até elefantes numa mala de 23kg. “Para mim, você é a melhor”, disse meu pai, orgulhoso, mandando também comprar repelentes. A notícia de que eu passaria uma temporada no Acre foi chegando aos poucos em cada um dos que me rodeiam. As reações variaram. Muitas me encorajaram ainda mais. Os mais emotivos, sem perceber, me fraquejaram. Mas, mantive o foco na razão. 

Era 11h da manhã do dia 19 de setembro de 2017 quando recebi o convite para viver uma experiência como repórter da TV Globo do Acre por 45 dias, a princípio. Eu estava cobrindo a greve dos rodoviários pelo Correio Braziliense, onde eu era repórter freelancer. A partir de então, a expectativa do momento não era somente saber se os ônibus parariam naquela semana, se o presidente do sindicato toparia me dar entrevista ou qual espaço eu teria no jornal para escrever sobre aquilo. Como dizia minha vó: quem quer dois, perde um. A ansiedade do dia também era para aprender a usar a balança: o que eu ganharia e o que eu perderia com essa aventura? Claro que entrar sozinha num avião rumo ao Norte do país, sem data para retorno, me faria por em risco várias coisas da minha organizada e previsível vidinha brasiliense. Mas, em nenhum momento pensei em recusar. Recém formada, só senti gratidão por ter sido reconhecida e escolhida para uma missão tão inusitada e desafiadora (para mim).

Comecei a entender que o amor pela profissão e a sede por trilhar a carreira dos meus sonhos eram as minhas prioridades (acho que eu não tinha noção disso até então). Também não imaginava que eu faria tanto por mim.

Eu entrei no jornalismo querendo ser repórter de TV, mas o destino foi me levando para outras redações de jornais (impresso e on-line), onde comecei a engatinhar e nutrir ainda mais gosto pela escrita. Também fui parar em assessorias de imprensa. Nelas, pude sentir como é “o outro lado” e viver o jornalismo de uma forma mais corporativa, talvez. Gostei muito! De qualquer forma, a jornada ainda está no início. Ainda me sinto engatinhando, confesso. Certamente, há muitos sabores para experimentar, além de muito a aperfeiçoar. 

Tendo minhas armas - um bloquinho de anotações e uma caneta-  eu topo mergulhar, de cabeça, seja na Europa, onde iniciei o curso de jornalismo, seja em Brasília, onde me formei, seja em Rio Branco-AC que agora acolhe esta jornalista curiosa e pronta para absorver, aprender e viver, no tempo de Deus, tudo o que o norte do Brasil reserva.

Gratidão 🙏🏼


Ps.: a foto é do meu coleguinha Marcelo Pereira, pois a minha ficou muito ruim hahahah!!