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quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Experiências de hoje, lembranças de amanhã




De uns dias para cá tenho experimentado um desafio. Lidar com lembranças. Nunca parei para refletir sobre isso e este texto é a manifestação das últimas reflexões. Saber lidar com lembranças é saber deixá-las se tornarem lembranças. E para isso, é preciso exercitar uma outra atitude, o desapego. É uma sequência de exercícios: o desapego ajuda a fechar ciclos e o fechamento dos ciclos transforma as lembranças no que elas realmente são: somente lembranças.

Para ser sincera, nunca fui boa nisso. Mas, agora, refletindo sobre o significado e percebendo a minha maneira de funcionar diante das lembranças da minha vida, pode ser queseja mais simples aceitar que o passo que dou hoje não poderá ser o mesmo passo que darei amanhã.

A realidade é que toda vivência de agora vai, obrigatoriamente, se tornar uma lembrança amanhã. Óbvio? Sim, mas pessoas intensas que vivem cada momento com toda força que a experiência propõe, tendem a ter mais dificuldade de superar que momentos não se repetirão e que entrarão naquela caixinha de recordações que a gente guarda no fundo da gaveta da memória. O fim de uma viagem incrível que se planejou muito fazer, o fim de uma festa divertida, o fim da adolescência, o fim de um namoro, de uma amizade ou de qualquer relacionamento..

LEMBRANÇA. A própria palavra já sugere a ação: LEMBRAR. Lembrar também é aceitar, é deixar ir, é entender que o que se viveu faz parte do que você é hoje e tudo bem! Não tem que necessariamente ter uma relação com sofrimento, pois as lembranças são parte do que a gente é hoje. É a constituição do nosso ser, inteiro, particular e singular. O problema é que a gente tende a romantizar muito as experiências..

Poxa, que bom que a vida tem sido cheia de boas memórias, de boas experiências, de bons sentimentos e de boas LEMBRANÇAS para se LEMBRAR. Não é? Vou dizer uma coisa que vai chocar. Pelo menos me chocou quando eu compreendi. As lembranças não foram feitas para serem repetidas, sabia? UAU! É, para mim está sendo uma descoberta. Para você que está lendo isso pode ser que seja óbvio. Se for, que bom! Merece a minha admiração. É bonito que para alguns isso seja muito natural. Para mim, está sendo necessária uma reflexão.

As lembranças foram feitas para serem armazenadas com gratidão. Por mais que eu volte em Portugal, eu jamais terei as mesmas experiências que tive durante o ano que vivi ali, na capital Lisboa. Posso encontrar as mesmas pessoas, ir aos mesmos lugares, estudar na mesma faculdade, beijar os mesmos carinhas e comer as mesmas comidas. E não...nunca será igual a primeira vez. A segunda experiência se tornará uma nova lembrança, com novas sensações e novos sentimentos.

A irmã da lembrança é a nostalgia. Essa tudo bem, contanto que não cause dor. A nostalgia é sentir de novo o cheiro, as emoções de uma época, de um momento...ouvir uma música e reviver a adolescência toda em 3 minutos. Isso é uma delícia. LEMBRAR.

Longe de ser um texto para te ensinar algo, este é um texto para me ensinar.. Eu escrevo isso tudo para mim. Logo mais, as vivências aqui no Acre se tornarão lembranças e histórias incríveis que contarei e lembrarei com muito orgulho. Por isso, a importância de viver cada segundo com toda dedicação que ele merece.

Externalizar minhas reflexões e transformá-las em palavras me ajuda a compreender melhor o sentido da vida. E que ela seja vivida com muita intensidade sim, mas também com maturidade para saber guardar as lembranças na gaveta, com carinho. Aceitar isso é liberar a mente e o coração para o novo. E o novo está cheio de vontade de viver tudo, te oferecer mais e te mostrar que você pode ser mais do que já foi.

Então, saibamos viver o novo e saibamos perceber e desapegar quando o novo também se tornar passado. E vai virar! Parece muito lógico, mas viver não é uma conta de matemática assim tão exata. Reflexões fazem parte, experiências fazem parte, novidades fazem parte e lembranças também.

Solta o freio! Olha essa longa estrada na frente, cheia de cheiros novos, vistas bonitas, músicas diferentes, livros interessantes, lugares incomuns, pessoas singulares, sentimentos fresquinhos e prontos para serem sentidos..

Convidativo, né? 

Sejamos gratos pelo passado e corajosos para encarar o futuro com muita vontade de ser feliz. E que as lembranças continuem vivas, mas guardadinhas na gaveta, nos ensinando a não repetir erros e a buscar novos caminhos para amar, ser amado e principalmente: ser feliz.

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