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quinta-feira, 19 de julho de 2018

É preciso falar sobre perdão



Que os últimos 9 meses da minha vida foram de desafios intensos, perdas, mudanças consideráveis e extremo aprendizado, a gente já sabe. Há poucos dias me vi enfrentando uma dificuldade interna que eu nunca tinha experimentado. Isso faz parte das aventuras da vida adulta: você começa a viver coisas que até então só via acontecer com os outros.

Desde que me entendo por gente, leio sobre perdão. Isso porque cresci numa religião que reforça a virtude que é saber compreender o contexto de quem te magoa. Sim, perdoar é uma virtude. É compreender, é se libertar...perdoar é limpar a mancha que polui o coração.

É bonito falar em “saber perdoar” e no quanto isso é saudável. Era o assunto da maioria das reuniões espíritas aqui em casa, das aulas de evangelização ou das palestras no Centro Espírita. Entretanto, depois de tudo que li na teoria, foi perturbador chegar à conclusão de que eu ainda não aprendi a perdoar. Os passinhos de formiga que damos à caminho da evolução, me assustam de tão lentos! Somente na prova prática conseguimos enxergar em que nível estamos e o quanto ainda falta caminhar para chegar à plenitude.

Mais do que somente aceitar que cada um tem uma maneira – correta ou não – de agir, o perdão é desapego. É desapegar da mágoa , da raiva... Diante disso, fui um pouco mais além no meu processo de autoconhecimento: vi que a Mariana, além de ainda não conseguir perdoar, não sabe desapegar da dor.
"O ódio e o rancor denotam uma alma sem elevação e sem grandeza. O esquecimento das ofensas é próprio das almas elevadas, que pairam acima do mal que lhes quiseram fazer". (O Evangelho segundo o Espiritismo)

O curioso é que depois de uma ofensa, é difícil enxergar o ofensor como alguém que um dia te fez muito bem. A raiva e a decepção são sentimentos tão cruéis que abafam tudo que um dia foi bom e transforma uma história inteira de alegria em uma grande ferida de difícil cicatrização.

Um fato é: carregar raiva consome energia. Comecei a visualizar que a energia gerada toda vez que a gente relembra uma situação que causou dor, aumenta mais ainda a ferida e acumula sofrimento. 

Esquecer, jamais. O perdão está longe de ser sinônimo de esquecimento, afinal, é possível perdoar e nunca esquecer. Mas bem que podia ter uma fórmula mágica para transformar toda a fantástica teoria do perdão, em prática.

Uma das soluções que tenho encontrado é entender meu protagonismo na situação que me feriu. Dividir um pouco as responsabilidades dos acontecimentos, torna o perdão mais próximo de se alcançar.


Quero poder respirar leve, desejar coisas boas e apagar toda impureza do coração. Relembrar uma situação, sentindo mágoa, é o mesmo que adubar sofrimento. Até quando? Isso lá é uma forma salubre de se viver?

O tempo ajuda no processo - e doses de racionalidade e reflexão também. 
E que as relações humanas continuem nos ensinando a lutar contra os nossos próprios monstros. Afinal, não estamos nesta vida a passeio. Sigamos o verdadeiro propósito de tudo: viver, sentir, aprender e evoluir. Aqui e na eternidade.

Um comentário:

  1. Linda a reflexão, Mari. Adoro sua forma de escrever. Mais belo ainda o desabafo e a sua sinceridade. Perdoar nan é fácil, mas é preciso e compensatório! ❤️👏

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